terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Espírito de Natal tupiniquim

Olha, não sou adepto do enlatado americano chamado “espírito natalino” mas certas coisas me chamam a atenção nessa época e que remeteu meu pensamento para nosso atual quadro político. Ao ver reportagens sobre alguns “papais noéis” que durante anos fazem a alegria de crianças que não conseguem nada mais do que promessas no fim de ano de outros papais nóeis que acreditam em outras de 4 em 4 anos.

Iniciativas como essas merecem aplausos, uma vez que a grande motivação ali seja mais altruísta do que a necessidade de se destacar na comunidade ou mesmo a intrínseca barganha com Deus de que se eu fizer aqui serei recompensado.
Eu já trabalhei com coisas assim, de ajudar quem tem menos ou simplesmente ceder o lugar para alguém num ônibus. E duvido quem não se sinta bem com isso. A natureza humana tem seu lado altruísta sim e acho que se dá pouco mérito pra isso.

Mas por outro lado, uma matéria no jornal desse Domingo também me chamou a atenção. “Violência no trânsito: isso tem que ter fim”. Olha, sinceramente... pura balela. Ou mesmo uma bela cara de pau de alguém que acha que está fazendo seu papel pela comunidade.
Eu até acredito que num futuro onde os carros sejam guiados por GPS e sensores de movimento, sem a intervenção humana, a tal “violência” tenha seu fim. É perceptível que as pessoas vão continuar se matando por vários motivos, seja inexperiência, tendência suicida ou síndrome de “isso não acontece comigo”. Afinal, há muitos carros e a progressão de acidentes é clara.

Lembro da infeliz idéia do desarmamento onde o slogan mais arrotado por ONGs, artistas e socialites bem escoltados por seguranças era “armas matam”, como se bandidos fossem no “Caça e Pesca” comprar sua 38.
Ora, eu na minha vã dúvida, oriunda do meu vil ceticismo digo o que muitos disseram: “Pessoas matam pessoas”. Se armas matam e carros também, vamos deixar o cidadão a pé. Porque é que pessoas matam no trânsito e armas matam simplesmente? Um peso e duas medidas.
Se fabricarem um carro que não ultrapasse 90Km por hora, por mais barato, não venderia. O mercado quer vender e as pessoas querem lucrar. Estão pouco se importando se tu ou eu perdeu um familiar num acidente.

Acha parcialidade da minha parte? Pois então pense sobre jogos caça níqueis e bingos. São jogos de azar. E a loteria federal não é? Só não é de azar para o governo, que já abocanha o imposto de renda na fonte. Mais uma conveniência governamental.
Também não acho que estejam preocupados com os velhinhos que gastam sua aposentadoria (quando conseguem receber, mesmo tendo trabalhado a vida inteira) num bingo e nem com as pessoas que morrem nas estradas. Desde que a gente pague o IPVA, esqueça de acionar o seguro obrigatório e pague concessionárias de pedágio parece que está tudo bem.

Agora, o que acho mais cruel é a forma como é encarada o voto.
Usando o mesmo raciocínio lógico... com toda a manipulação, jogo de interesse e falcatruas explícitas no congresso nacional, estados e municípios, acham sinceramente que o voto é algo imaculado, livre da corrupção e manipulação? (Alguém lembra de narizes torcidos na vitória do Bush nos EUA)
Ou seria algo para dizer que a culpa é do povo por não saber votar direito (obrigatoriamente, devo acrescentar)?

Buenas, teorias de conspiração à parte ainda aposto na bondade humana. Parece piegas, mas é verdade. Aquela pessoa que doa parte do seu tempo para fazer algo que nossos representantes deveriam providenciar ainda me faz acreditar nas pessoas. Enquanto Brasília é a ilha da Fantasia, onde todos os sonhos se tornam realidade (desde que seja eleito, é claro) nós, meros mortais sujeitos às regras da ilha no que diz respeito a deveres e alguns direitos, encaramos de forma passiva e num irônico espírito de Natal, assumimos obrigações alheias ao darmos àqueles que nada tem, consentimos ingenuamente com farsas políticas e econômicas e bancamos nesse Natal banquetes majestosos para anões.

Talvez eu mesmo esteja sendo ingênuo ao achar bonito filas de pobres miseráveis pedindo algo pra comer nesse Natal, consentindo com a incompetência dos nossos governantes. Mas abdicarmos do nosso tempo e dinheiro para ajudar os outros é prova de que realmente não merecemos o governo que temos, e discordo do filósofo francês Joseph De Maistre quando disse que cada povo tem o governo que merece.

3 comentários:

Arlise disse...

manda pro jornal, eles publicam :D

nao conhecia esse erms...
bj

Ana Paula Cecato disse...

mazolhaaaa

o corpo tem blog e eu não sabia!

cruziii!

Pywa disse...

Cara... adorei o recanto gaudério. Me aprochego prum mate...