segunda-feira, 8 de março de 2010

Parando de fumar pela terceira vez

São 8:00 da manhã. Acordei com a garganta que era um nojo! Segunda feira e meu último cigarro foi na sexta. Sim, uma idéia brilhante deixar pra fazer isso num fim de semana. Mas foi no impulso mesmo.
Ironicamente escrevo isso ao som de Woman in Chains - Tears for Fears. Quem tem pelo menos a minha idade deve lembrar da trilha sonora dos comerciais do cigarro Hollywood, onde esportes radicais e fôlego de alpinistas combinavam com uma baforada prazeirosa ao final do dia. Buenas, vou passar o dia pensando nos meus motivos (que vão além daqueles clichês batidos e irritantes, que mais atrapalham do que ajudam). São 20:10h. Volto pra casa ao som de Australian Crawn e dou uma cheirada nos dedos pra lembrar daquele cigarro que fumava na saideira antes de pegar o ônibus. Claro que sei todas as implicações disso, mas o problema de todo vício é que o prazer é imediato. E isso é tentador. Vou deitar o banco e dar uma cochilada. Assim não penso bobagem.
Manhã de Terça Feira e acordei pigarreando como um condenado, tomei meu café e senti um gosto diferente. Até meu desodorante não parecia o mesmo. É o olfato voltando como o filho pródigo. E aproveitando o trocadilho bíblico, não vou ser hipócrita e nem sair atirando pedras em quem fuma, bem pelo contrário: quem fuma parece precisar se esconder e a discriminação dos fumantes se tornou algo consentido e amparado moralmente. Talvez daqui a 100 anos também tenhamos a cota para fumantes em universidades. Não sei porque mas não me sinto tão a vontade em ter largado (leia-se "estar tentando largar") o vício. Como se eu estivesse baixando a cabeça e deixando que me digam como viver a minha vida e covardemente estivesse dizendo "tá bom, vocês venceram!".
Todos falavam que "isso vai me matar", mas a pergunta que me intriga é: Mas que merda eles tem com isso?
E sempre tem um gênio que vem com aquela conversa mole de que isso vai matar e tal, que cigarro é pirulito de otário e outras pérolas igualmente fantásticas.
Me deixa impressionado a capacidade que algumas pessoas tem de apurrinhar os outros.
Na maioria das vezes sem motivo algum. Apenas pelo prazer de ser o politicamente correto. De certo são aquelas mesmas pessoas que dizem que é um abuso um policial dar uns tapas num vagabundo, mas se for com alguém dos seus, defende a pena de morte. Ou então consegue mobilizar alguns desocupados por causa de um cachorro atropelado, mas desvia da criança que está dormindo na marquise.
(Continua...)
Madrugada de Quarta feira:
A essa hora eu estava na sacada com o meu Lucky Strike branco e uma cerveja... Já fecho os olhos e imagino aquela tragada longa, puxando o ar pelo nariz até terminar de encher o pulmão, inclinar a cabeça para trás e soltar a fumaça devagarinho, com direito àquela fumacinha em círculos (que custei muito até conseguir fazer)... aquela fumaça que sai fininha, em tom azulado da ponta do cigarro dançando suave sobre os dedos. Fazia isso, pensando na vida e intercalando com um gole e outro daquela cervejinha gelada.
Garanto que aquele infeliz que dá um tapinha no ombro falando dos malefícios do cigarro não tem que passar por isso.
Vou tomar um banho pra ver se resolve...

Quarta Feira, 18:50h.
Não faz nem uma semana e já tá ficando foda. O pior não é a vontade e sim o hábito. A essa hora eu estava fumando na frente do prédio, olhando o movimento.
Mas ontem o que me chamou mais a atenção foi quando eu estava voltando pra casa passando pela Free Way, naquele trecho perto da ponte de Cachoeirinha. Olhei para o lado onde se vê aquelas terras de criação de gado do Irga (pelo menos acho que pertence a eles). Estava chovendo fraquinho e senti um cheiro de terra molhada. Mais especificamente cheiro de barro que vinha com o vento pela janela. Barro molhado... Eu nem me lembrava de como era sentir esse cheiro! Acho que as vantagens estão ficando cada vez mais claras.

Quinta Feira, 13:30h.
Tô de péssimo humor... 

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